domingo, 28 de outubro de 2007

"A plenitude irracional da vida ensinou-me a nunca descartar nada, mesmo quando vai contra todas as nossas teorias (que mesmo na melhor das hipóteses têm vida tão curta) ou quando não admite nenhuma explicação imediata."
Carl G. Jung

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Monólogo onírico...

- Alô?
- Não demoro, prometo. Serei breve, prometo. Não quero incomodar, desculpa. Só liguei pra dizer que eu sei tudo que você vai falar. Eu aprendi sabe, com esse tempo de convivência, sabe, a ler você. Não, eu não tenho bola de cristal, não leio mãos, não jogo búzios, mais ainda assim, sabe, posso dizer que sei o que você tem a me dizer.
- Anh...
- Por favor, não me chame de pretensiosa. Mas é que eu sei, sabe?! Mas acontece que não posso pôr as palavras na tua boca. Tua boca, ai. Eu queria mesmo é dizer que desde aquele dia nunca mais consegui ouvir aquela música que eu chamava de "nossa". É, eu chamava de nossa. Eu queria dizer que fico horas olhando pra foto do ingresso daquele show que fomos. Eu não disse, mas naquele dia, eu já sabia que estava presa à você.
- Aham...
- Não presa no sentido ruim. Mas presa. Eu disse que seria breve, desculpa. Eu liguei mesmo foi pra dizer que, sabe, sinto sua falta. Não. Não foi só pra isso. Eu tenho passado algumas noites em claro pensando na última vez que te vi. Se eu soubesse que seria a última eu tinha dito tanta coisa... Eu teria me despedido de tudo doce que vivi. Eu teria te beijado e te abraçado com mais vontade. Não que tenha me faltado vontade um dia. Mas você sabe, né?
- Sei.
- Eu liguei mesmo, desculpa, pra dizer que, sabe, que todo mundo comete erros. Mas poucas pessoas têm a sensibilidade e a nobreza de perdoar. Não, não me acho nobre. Nunca fiz um ato digno desses. Mas eu te perdôo. Te liguei mesmo pra dizer que espero até o dia que você quiser conversar, sabe. E que talvez sentemos em algum lugar e choremos juntas, como daquela vez, sabe? Não, acho que você não lembra.
- É...
- Liguei mesmo, só pra dizer que, sinceramente sabe, desculpa. Desculpo. Boa noite linda.
...
(Ao som de Chico Buarque - Sinal Fechado)
"- Olá como vai?
- Eu vou indo e você, tudo bem?
- Tudo bem, eu vou indo correndo pegar um lugar no futuro. E você?
- Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe...
- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo!"

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Grow up!

Não tenho a menor vergonha de dizer que ainda acredito no amor, na construção de um relacionamento baseado no respeito e principalmente na lealdade, que é bem diferente de fidelidade. Com 21 anos posso afirmar que já não sou mais nenhuma menininha inexperiente e o mínimo que eu esperava era ser tratada como uma mulher. Uma mulher que, sem hesitar, se entregou, se mostrou e, em troca, só recebeu uma atitude infantil, imatura. Atitude digna de desprezo inclusive. Mas não desprezo. Porque eu faria isso? Não posso culpar as pessoas pelos seus medos, suas inseguranças. Eu também tenho as minhas. Mas a verdade não me assusta. A verdade, pelo contrário só me prende mais, me instiga a querer algo a mais. Mais uma vez escorreguei. Mas dessa vez não cheguei a cair. Foi uma ligeira desequilibrada que, na verdade me fez crescer mais. Me fez me sentir orgulhosa da mulher que me torno todos os dias. Orgulhosa da minha capacidade de ser sincera comigo mesma e com os outros.
Dessa vez não chorei "por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe."
Eu cresci. E você?

domingo, 23 de setembro de 2007

Barrinhas verdes.

Finjo que não acredito quando diz que estou sexy com uma calça de ginástica e suada após uma partida de futebol. Finjo não reparar seu olhar voluptuoso quando sento-me - de saia - de pernas abertas em sua frente. Não creio quando dizes que te faço bem. E não creio, ainda, que alguém como você possa sentir alguma coisa bela em relação à mim. Mas sou contradição. Sou ambiguidade. Gosto de sofrer por antecipação. Sou masoquista. Finjo não me importar, só pra você dizer. Só pra notar alguma peculiaridade - aquela, que prende, fascina - numa pessoa como eu.


Aí, você, com as palavras que mais me encantaram desde o início me fala de seus filósofo
s. Aqueles do século XVIII, XIX... Aqueles que, quando você acaba de ler, te deixam lôbregos. Aqueles que você acha um tremendo filho da puta por terem, há séculos atrás, pensado uma coisa antes de você. Aí, chega o Schopenhauer e diz: "A consciência humana seria uma mera superfície, tendendo a encobrir, ao conferir causalidade a seus atos e ao próprio mundo, a irracionalidade inerente à vontade. Sendo deste modo compreendida, ela constitui, igualmente, a causa de todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma cadeia perpétua de aspirações sem fim, o que provoca a dor de permanecer algo que jamais consegue completar-se. Segundo tal concepção pessimista, o prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor; esta é a única e verdadeira realidade."


É esse romantismo que me destrói. É esse romantismo que me deixa presa à você. É isso que me deixa cada dia mais apaixonada. Mas vou ser egoísta agora. Vou alí me matar um pouco. Mas eu volto.




domingo, 16 de setembro de 2007

Vadinho...

Não, não é raiva. É uma mistura de frustração e vergonha. Vergonha de ter tentado fazer alguma coisa que a pudesse animar enquanto ela, me apressava pra ir embora para chegada da outra pessoa. Vergonha por ter feito uma surpresa e só ter ouvido "não te chamei pra vir, você veio pra pressionar, de intrometida que é." Vergonha pelo gritos, pela fala falta de carinho... Frustração por não - pelo menos com essa atual auto-estima - poder "competir" com outra pessoa. Frustração por eu não fazer o bem que outra pessoa faz. Frustação porque outra pessoa conseguiu.


E quando pensa em aprontar, filha da puta vai e apronta antes...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Onde?

Tudo isso é porque o ser humano não está preparado pra perder. E quando perde, logo dá um jeito de encontrar novamente. Mas quando não encontra, ou não pode mais encontrar (mesmo desejando muito), vem o luto. Esse sim é o grande filho da puta.

Um buraco foi aberto mas na fissura só passa ar. E esse ar preenche todo o vazio e faz voar pra longe, bem longe. Prum lugar onde coisas sem sentido como essa sejam permitidas.



"Torture me with all I've wanted..."

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Alice diz (22:36):
Ela falou: começa a racionalizar as coisas... e entra no mesmo ritmo do mundo... pras coisas ficarem harmônicas
Alice diz (22:36):
E desligamos
M. diz (22:36):
Ela também não lida bem com isso pelo jeito...
Alice diz (22:38):
Racionalizar significou: deixa de ser toda sentimento... deixa de gostar... deixa pra lá???
M. diz (22:39):
Ela quis dizer: Lide com isso racionalmente, senão o mundo te engole (Kant)
Alice diz (22:40):
Lidar racionalmente implica em largar toda a sentimentalidade (esqueci a palavra q queria usar.. rs)
M. diz (22:41):
basicamente é isso sim.
Alice diz (22:41):
Logo, implica em deixar o que eu sinto pra lá
M. diz (22:42):
Não sei se todas as coisas que vc sente, mas este episódio em especial.
M. diz (22:44):
É a maneira como as pessoas racionais lidam com essas coisas, eu bem entendo.
Alice diz (22:44):
I give up!
D. (Ocupadíssima!!) diz (22:45):
Quero que as pessoas racionais se fodam.
M. diz (22:45):
É a maneira dela te dizer Alice, que te perdoa...
D. (Ocupadíssima!!) diz (22:45):
Não servem pra mim.
M. diz (22:45):
Obrigada Dani, até porque é assim que eu lido com as coisas, mas tudo bem...
D. (Ocupadíssima!!) diz (22:46):
Não acho que você lide com as coisas assim não.
Alice diz (22:47):
E agora? O que eu faço?
Alice diz (22:47):
Ligo amanhã? Continuo mandando mensagens bonitinhas? Convido pra passar o fim de semana comigo? Jogo tudo pro alto? Tomo um porre (brincando)?
M. diz (22:48):
Lide de maneira carinhosa Alice. Ela é racional, vc não precisa necessariamente ser.
D. (Ocupadíssima!!) diz (22:49):
É, não seja. Nada pior!
Pra terminar meus delírios da madrugada - porque o assunto rende até agora - D. solta a frase do dia: Duro quando ser passional e intensa deixa de ser qualidade, né?! Sofro com isso e vejo que você também.

domingo, 26 de agosto de 2007

Aquela saudadezinha que chega sorrateira e se aloja e deixa o peito numa espécie de conforto palpitante. E essa saudade, que tento inutilmente subestimar com um sufixo no diminutivo, vai ter tornando cada dia mais inexprimível e inextirpável. Doer, não dói, mas dá aquela sensação aterrorizante de não saber até onde pode ir. Até porque, eu só sei depois que já fui. Um medo que chega leve, manso. Um medo natural e até saudável. Instinto de auto-preservação talvez. Mas não quero mais sentí-lo. Quero mesmo é abrir todas minhas portas e encontrar portas abertas pra mim. Quero mesmo é entrar. Sem bater.

terça-feira, 17 de julho de 2007

8 verdades

1 - Prefiro me manter bêbada o máximo possível do que enxergar que já tenho 21 anos e nenhuma responsabilidade comigo, com as coisas e talvez, com as pessoas...

2 - Eu abandonei pessoas importantes na minha vida pra elas não terem que me suportar.

3 - Eu sempre fui a menina freak na escola, mas nunca me importei de fato. Aliás, hoje me preocupo mais com a opinião alheia do que antes.

4 - Eu amo o curso que faço. Fazer Psicologia mexe positivamente com a gente. Descobri coisas fantásticas. Incentivaria qualquer pessoa a fazer.

5 - Mesmo eu amando meu curso e estando na metade dele, não sei se quero continuar. Por preguiça? Desânimo? Medo? Realmente ainda não sei.

6 - Tenho uma preguiça constante de pessoas... principalmente as comuns. Na maioria das vezes prefiro os bichos.

7 - Quero fugir. E o momento disso acontecer está próximo. Mas não é pra sempre... rs

8 - Manoel Carlos tem inveja da minha vida.

domingo, 1 de julho de 2007

Para você...

Essa sua presença assim, essencial-incômoda.
Seus olhos límpidos e misteriosos e ao mesmo tempo tão diretos.
Sorriso sempre aberto
Que desarma - e na sequência - arma.
Vai embora assim como aparece, de repente.
Os intervalos aumentam, e me atemorizam.
Não sei de ti, não tenho consciência do que se passa.
Bebi, fumei, ininterruptamente pensei em você .
Bagunço minha cabeça para tentar balançar a sua
E vou escrevendo essa carta...
Te peço para não responder.
Não responda
Apenas leia, engula tudo eu lhe disse e acene.
Verdades se esgarçando
Não, não faça isso.
Devaneios e delírios...
Contudo, há ainda espaço para toda a delicadeza e emoção dos atos sinceros?