É amiga, com o passar do tempo a gente vai se percebendo mesmo. Ou pelo menos tentamos. As coisas que nos davam prazer passam a dar tédio. Tanta preguiça. Não há motivação. Não há recompensa. Às vezes a companhia da solidão numa mesa de bar é mais agradável do que uma companhia carnal. Mais uma dose por favor. Me empresta teu isqueiro? A insatisfação permanece, te compreendo. Nos entregamos de corpo e alma. Nos rasgam, nos deixam dilaceradas e ainda assim insistimos nessa coisa que chamam amor. Deixamos que esse tal de amor se torne condição e não exceção, complemento. Ficar sozinha é um teste no qual fui reprovada. O que sinto confunde meu pensamento.
Saio.
Volto.
Você me pergunta onde a vida dói tanto. Eu te devolvo a pergunta. Onde dói tanto? Não bastaria apenas um colo, um carinho, uma promessa de solução? Não, eu sei que não. Porque sempre vamos querer mais. Sempre vamos encontrar outra dor pra doer. Lástimas e lágrimas que vão sempre morrer deixando a boca suavemente salgada.
Nosso desespero. Nosso cansaço.
Vamos embora.